sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Epipactis palustris

A Epipactis palustris está muito provavelmente extinta em Portugal, embora P. Delforge (2006) ainda inclua o nosso País na sua área de distribuição.

As últimas localizações conhecidas, referenciadas em Tyteca (1998), a mais antiga de 1887 e a mais recente datada de 1961, são em:
- Matosinhos
-Vila do Conde
- Ílhavo
- Aveiro
- Praia de S. Jacinto

Nos últimos anos, os membros da AOSP têm efetuado diversas prospeções nestes e noutros locais, sem que tenham sido encontrados quaisquer exemplares.

O portal Flora-on não apresenta registo de observações desta espécie. A ecologia referida é: Juncais, pauis, turfeiras, prados húmidos na margem de corpos de água. Em sítios abertos e húmidos perto do litoral, sobre solos arenosos e frequentemente básicos.

A Epipactis palustris subsiste ainda na Galiza, onde ainda se encontram grandes populações. As fotos foram tiradas no Parque Natural de Corrubedo,  a 17 de Julho de 2014.

Agradeço a Joaquim Pessoa e a Xermán Garcia Romai ajuda na localização.












quarta-feira, 23 de julho de 2014

O sub-grupo Dactylorhiza maculata

Esta designação (sub-grupo) é de P. Delforge. A Dactylorhiza maculata (tal como a Orchis coriophora, referida anteriormente) também está incluída num (vasto …) grupo de orquídeas com alguma variabilidade ecológica e morfológica, que leva a alguma discussão relativamente à sua classificação taxonómica.

Em 1946, Gonçalo Sampaio na sua Flora Portuguesa considera  a existência da Orchis maculata (o género Dactylorhiza ainda não tinha sido proposto nesta altura). Pormenor interessante, considera que existe apenas na Serra do Caramulo uma Orchis latifolia, hoje sinónimo de Dactylorhiza majalis.

J. Amaral Franco, na Flora de Portugal, volume III, fascículo III (2003), considera a existência em Portugal da espécie D. maculata, e das sub-espécies caramulensis Vermeulen (1970) e ericetorum (E.F.Linton) P.F.Hunt & Summerhayes (1965).

As diferenças consideradas na Flora de Portugal são as seguintes:

 


Como é patente, a D. ericetorum seria uma planta de porte mais delicado e a D. caramulensis teria um porte mais robusto.

A Flora Iberica considera estas “subespécies” como “formas”, extremos de variação, só admitindo a designação D. maculata.

A “subespécie” caramulensis é considerada como uma forma robusta, com brácteas mais largas e o esporão maior e mais espesso existente no Norte de Portugal e zonas vizinhas Espanholas.

A “subespécie” ericetorum, existente nas turfeiras Cantábrico-Atlanticas, teria um porte mais delicado, flores mais pálidas e esporão mais curto.

Em 1989, Tyteca propôs uma nova espécie - Dactylorhiza caramulensis – para denominar o que antes em 1970 Vermulen tinha designado por subespécie. Tomou como tipo as plantas robustas existentes na Serra do Caramulo.

P. Delforge também considera a existência das 3 espécies, maculata, caramulensis e ericetorum.

Posto isto, vamos a casos concretos.

Em primeiro lugar, as plantas da Serra de Montemuro, junto a Cinfães. Fotografei-as em Maio de 2006. Parecem-me típicas caramulensis.












Em segundo, os exemplares da Serra da Estrela, que fotografei no dia 29 de Junho do ano passado, numa deslocação da AOSP à Serra da Estrela – onde vi pela primeira vez Epipatis fageticola, no Souto do Concelho.

Passei então por 2 locais onde existem exemplares do género Dactylorhiza:
- em frente à Lagoa Comprida
- no fim da subida de Manteigas, depois do Covão da Ametade
 
Os primeiros (L. Comprida) pareceram-me D. caramulensis,  enquanto que os últimos  levantam-me algumas dúvidas. As diferentes exposições solares dos 2 locais podem no entanto explicar as diferenças de porte das plantas.



 (Lagoa Comprida)





 (Covão da Ametade)

 Em terceiro lugar, as plantas do Gerês, onde as fotografei o ano passado em Julho quando andava à procura da Gymnadenia conopsea, e também este ano agora em Maio, quando o amigo Américo Pereira me guiou até ao Borrageiro. Parecem-me típicas ericetorum.





 Em quarto lugar, fotografias tiradas este ano nos lameiros do Monte Santa Isabel, Terras de Bouro. Dactylorhiza ericetorum.








sexta-feira, 27 de junho de 2014

Orchis mascula, provincialis e seu híbrido Orchis x penzigina

Conforme referi anteriormente, nos carvalhais perto de Santiago da Guarda, a par das únicas populações portuguesas conhecidas de Orchis provincialis, existem algumas (poucas) Orchis mascula, e ainda Dactylorizha markusii, Orchis conica, Ophrys lusitanica, picta e speculum. Um paraíso.

Existem alguns exemplares de Orchis provincialis da forma albina e outros descolorados, em número muito reduzido (vi 3 no total), e, no meio desta população, existem exemplares de cor violácea forte, muito mais robustos do que todas as outras plantas.

O centro do labelo não é amarelo – o que de acordo com a Flora Iberica apontaria para uma forma violácea da O. provincialis - o que leva a concluir que se tratará do híbrido Orchis x penzigina (Orchis mascula x provincialis).

Existem exemplares violáceos com labelo geniculado (como a Orchis langei), e outros com labelo plano (como a O. mascula). É curioso que estes híbridos são muito mais robustos que qualquer dos progenitores.

Fotografias tiradas em Abril de 2014.


Orchis provincialis

As Orchis, de acordo com a Flora Iberica




 Orchis x penzigina

Orchis x penzigina, labelo geniculado

Orchis x penzigina, labelo plano



terça-feira, 10 de junho de 2014

Ophrys tenthredinifera ficalhoana

Uma das sub-espécies da Ophrys tenthredinifera, descrita inicialmente como espécie por J.A. GUIMARÃES (1887) e agora denominada Ophrys tenthredinifera subsp. ficalhoana(GUIMARÃES) M.R. LOWE & D. TYTECA.

Esta subespécie distingue-se por:
- floração tardia
- flores grandes e muito coloridas
- sépalas arredondadas
- tufo de pelos no labelo logo acima do ápice

Imagens colhidas junto a Alenquer, em Abril de 2014.