terça-feira, 26 de junho de 2012

A Dactlylorhiza elata de Vagos

2 exemplares no terreno
 
Junto a Vagos, em zonas planas, a cotas baixas (altitude menor que 10 m), prados húmidos e não cultivados, existem ainda grandes populações desta espécie.

Este ano, floresceram um pouco mais tarde que o habitual (início de Junho).


 Pormenor da inflorescência, sendo visíveis as longas brácteas

É uma planta muito robusta (vi exemplares com mais de 1,2 m !) com uma linda influorescência violeta. 

Distingue-se das outras espécies mais parecidas, a D. maculata e a D. caramulensis, pelo caule fistuloso, ou seja, com um canal central, oco (em oposição a meduloso, ou seja, com o espaço medular preenchido), pelos folhas concolores (em oposição a folhas com manchas purpúereo-anegradas), e pelo labelo subconduplicado, ou seja, dobrado pela nervura média, ficando com 2 abas iguais (em oposição a plano ou convexo).


É a única representante do grupo D. praetermissa presente em Portugal. Este grupo é um dos 8 em que P.Delforge (2006) divide o género Dactlylorhiza.  
 


  Exemplar com frutificação avançada

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Dactylorhiza insularis do Azibo



Foi a segunda vez que vi esta espécie. A anterior tinha sido em 2007, na Serra de Montejunto. Desta vez, junto à albufeira do Azibo, onde também encontramos D. markusii.

A D. insularis não é uma espécie abundante. Com uma influorescência amarela, apresenta normalmente pontos vermelhos no labelo, que servem para a distinguir sem mais precalços.



Mas há exemplares que não têm estes pontos vermelhos, como o que se apresenta a seguir, e aí a coisa é mais complicada.


A principal diferença para a D. markusii é o esporão, que na D. insularis é horizontal, reto ou ligeiramente curvado para baixo, e na D. markusii é ascendente, curvado para cima (P. Delforge, 2006).

Dactylorhiza é um género de criação recente (Necker ex Nevski 1937), sendo as espécies anteriormente incluídas no género Orchis


Por uma questão de curiosidade, A.X. Pereira Coutinho, o pai da Botânica sistemática portuguesa, na sua obra "A Flora de Portugal", de 1913, atribuia os nomes de Orchis provincialis à D. insularis "pontuada de vermelho", Orchis sambucina à população da Serra de Montejunto (esporão descendente), e Orchis pseudo-sambucina à atual D. markusii (esporão horizontal).

Agradeço à AOSP pela organização, e ao José Monteiro pelas, aliás como sempre, preciosas indicações.

domingo, 17 de junho de 2012

A Dactlylorhiza foliosa da Madeira


A Dactlylorhiza foliosa é uma espécie endémica da ilha da Madeira, e ainda relativamente abundante (bem ao contrário de outros endemismos, como a Goodyera macrophylla ou a Orchis scopulorum). A floração acontece normalmente em finais de Junho (como em 2011), mas este ano começou em finais de Maio. Também na Madeira este foi um ano mais seco que o normal.


É uma planta robusta, com uma bela inflorescência em tons de violeta, que tanto cresce no solo, em barreiras de estradas e aceiros, nas fendas dos muros, em declives mais ou menos acentuados.


 A D. foliosa só cresce em sítios sombrios, e nas encostas da ilha viradas a norte, normalmente até cerca de 1.000 m de altitude. No entanto, vi 2 exemplares a cerca de 1.600 m de altitude, na estrada de acesso ao Pico do Areeiro.



À sombra de enormes loureiros, exemplares transplantados apresentam-se em muito boa forma, num canteiro na zona do viveiro do Ribeiro Frio.


Do outro lado da estrada, exemplares plantados ao Sol num canteiro apresentam-se raquíticos, sem florescerem em condições.


 Por falar em Goodyera, um dos exemplares do Ribeiro Frio, fotografado o ano passado em plena floração no início de Setembro, apresenta este ano em 16 de Junho uma promissora inflorescência em crescimento. Será um sinal de que também para esta espécie a floração este ano será mais cedo ? Valerá a pena percorrer a Levada do Rei em princípios de Agosto ?


Um grande agradecimento ao amigo Manuel Pita por toda a assistência prestada.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

As orquídeas do Pinhal da Praia das Maçãs (3) - Neotinea maculata

Num ano atípico para as orquídeas, como está a ser o presente, dado os valores anormais do binómio temperatura / pluviosidade de 2012, houve no geral, espécies que não chegaram a florescer, e outras com um desfasamento no aparecimento das flores de cerca de 1 mês.

No pinhal da Praia das Maçãs, este ano viam-se muitas folhas desta espécie, mas muito poucas floresceram. Quase que se contam pelos dedos. A chuva, que deu uma grande ajuda noutras espécies mais serôdias, chegou tarde de mais para esta.


  Folhas de Neotinea maculata em 3 de Março de 2012 - notar que parte delas foi comida

Idem, 30 de Março de 2012, com folhas já a amarelecerem sem que as plantas tenham florido

 2 de Abril de 2011

A influorescência da mesma planta

 Uma das maiores influorescência de N. maculata que já vi - Bornes, 28 de Abril de 2012